A gota d'água.

A derrota para  Flamengo por 4 a 1 foi a gota d'água para a demissão do Carille do comando técnico do Corinthians. Há oito jogos sem vencer e com maus resultados diante de times que lutam para não cair, com um esquema tático previsível e facilmente anulado, sem repertório e sem criatividade, errando passes e demais fundamentos, caindo na tabela de classificação e ficando fora até da vaga para a Libertadores, a situação do Carille tornou-se insustentável. 
E, para complicar ainda mais, as declarações do técnico para a imprensa, terceirizando a responsabilidade pelo mau desempenho, atribuindo-o aos jogadores e acusando os atletas de não executarem o que era passado nos treinos, determinou a insatisfação e a quebra de confiança da boleirada, com reflexos no rendimento em campo. Carille foi imprudente e ignorou que assim como a roupa suja deve ser lavada em casa e não no meio da rua, as críticas ao desempenho dos jogadores bem como a correção dos erros devem ser feitas em campo e no vestiário e não para a imprensa. E não atinou que da mesma forma que o maestro de uma orquestra é responsável pela harmonia dos sons dos instrumentos, o técnico de um time é responsável pelo desempenho dos jogadores em campo. Mesmo não tendo uma equipe de alto nível técnico, cabe-lhe a responsabilidade de, pelo menos, potencializar ao máximo as condições de cada jogador, organizar o time em função das características e habilidades individuais, buscar um padrão de jogo, ampliar o repertório com variações de jogadas e motivar os jogadores para que se doem ao máximo em campo. 
Mesmo não tendo um time de craques à sua disposição, a equipe alvinegra tem bons jogadores, inclusive atletas de seleção, e que poderiam ter rendido mais. No entanto, sucumbimos diante de times inferiores, mesmo atuando em casa e com o apoio da torcida. 
Não é possível considerar que Carille foi o único responsável pela atuação insatisfatória do Corinthians, principalmente nos últimos jogos. Mas faltou-lhe habilidade para tirar o máximo possível de cada jogador e para desenvolver um esquema tático mais efetivo. E após suas declarações a imprensa, atribuindo a derrota aos garotos e dizendo ter vergonha do time que não executava suas orientações, acabou desmotivando os jogadores e minando a auto confiança da equipe. E, consequentemente, perdeu o vestiário, perdeu o grupo e quebrou a confiança e a cumplicidade da equipe. Desmotivado e sem confiança, o time degringolou e as críticas aumentaram, tornando a situação insustentável. 
É inegável a contribuição do trabalho do Carille  nas conquistas do Timão, como auxiliar e como técnico. Mas também é verdade que ele voltou da Arábia com um comportamento muito diferente da sua primeira passagem pelo Corinthians. O fato dele ter trocado o Timão por dois caminhões de dinheiro foi relevado por todos, diretoria, jogadores e torcida, que comemorou sua volta e nele depositou sua total confiança e esperanças. No entanto, ele voltou diferente. Sua humildade anterior perdeu-se pelo caminho e seu comportamento diante da equipe, da imprensa e da torcida foi pautado por atitudes muito diferentes, com traços de arrogância e com respostas sarcásticas e irônicas. Com tais atitudes, com mau desempenho e maus resultados do time em campo, acabou por perder o apoio da torcida, perdeu a confiança dos jogadores e da diretoria. A cada fracasso em campo, sua demissão era esperada, embora a diretoria garantisse, sem muita convicção, que ele seria mantido no Corinthians. Até que, após oito jogos sem vencer, a goleada sofrida diante do Flamengo foi a gota d'água e ele foi demitido no vestiário. 
Numa semana conturbada e próximo a um clássico fora de casa com o arqui rival, Dyego Coelho, técnico do sub 20 assumiu o time num mandato tampão. A diretoria agiu rapidamente, fez uma limpa no departamento de futebol e contratou Tiago Nunes, que era técnico do Athlético-PR para comandar o time em 2020. 
Empacado nos 45 pontos e em oitavo lugar na tabela de classificação do Campeonato Brasileiro, o próximo compromisso do Timão será contra o Fortaleza, na quarta feira, 06/11, às 19:30 horas (de Brasília) na Arena Corinthians em Itaquera. E no sábado, 09/11, enfrentará o Palmeiras, às 19:00 horas, no Allianz Parque. 

Créditos e fontes de imagens 
globoesporte.globo.com - Thiago Ribeiro/Estadão Conteúdo/globoesporte.globo.com

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