Mais do mesmo: a crônica de uma tragédia anunciada



Somente quem é muito ingênuo seria capaz de imaginar que com apenas um treino com o novo técnico seria possível ao desfalcado Corinthians fazer um bom jogo contra o Fluminense no Maracanã. Como um time sem confiança, sem padrão de jogo, sem intensidade, sem organização defensiva e ofensiva poderia, de repente, passar a jogar bem? Como um time que erra os fundamentos básicos do futebol, que erra passes de um metro de distância, finalizações e não acerta cruzamentos e lançamentos pode, apenas com a mudança de técnico, superar de imediato, suas dificuldades? 

Futebol, como todos os esportes, tem suas regras e exige, não apenas habilidades e qualidades individuais daqueles que o praticam. Como esporte coletivo, exige também entrosamento, organização e articulação dos seus atores nas diferentes posições que ocupam no time. Para isso são necessários muitos treinos e repetições, além de um repertório amplo e variado de jogadas que permitam surpreender o adversário. Infelizmente, Tiago Nunes não conseguiu explorar as habilidades individuais do elenco em função do jogo coletivo e nem sequer definir um padrão de jogo para o time que comandava. Nessas condições, nem mesmo o Guardiola daria um jeito de, num único treino, transformar um time tão perdido em um time competitivo e vitorioso. 

Como técnico interino, Dyego Coelho, mesmo conhecendo o grupo e sabendo o que é o Corinthians, não terá como fazer um planejamento a longo prazo, a não ser que receba um sinal da diretoria que sua interinidade deverá durar um tempo maior. Poucas opções de técnicos no mercado e a proximidade das eleições para a escolha da nova diretoria poderão ampliar o seu tempo no comando alvinegro. Mas, se isso não ocorrer, ele precisará pensar jogo a jogo. Resgatar a confiança do elenco é um bom começo, mas só isso não basta. É preciso estabelecer uma estratégia de jogo e reforçar os fundamentos Isso leva tempo e exige um período mais longo de treinos. Assim, a definição do tempo da interinidade precisa ser estabelecida logo. Ou se mantém Coelho até o fim da temporada ou se contrate rápido um novo treinador para que se possa estabelecer um plano de ação capaz de recuperar o time física, técnica e taticamente. 

Quanto à motivação e ao resgate da auto confiança é preciso refletir até onde vai a responsabilidade dos jogadores nos resultados adversos. E analisar, também, as responsabilidades da comissão técnica anterior às mudanças atuais e principalmente da diretoria, ou seja, de quem contratou o elenco e a comissão técnica. O técnico atual optou iniciar o trabalho pelo resgate da auto confiança do time. Mas, considerando a inexistência de um padrão de jogo e de uma estratégia de atuação definida, resta aos jogadores confiar nas suas habilidades individuais, o que é muito pouco para um esporte coletivo. O apavoro de parte da torcida na chegada do time no Aeroporto de Guarulhos é outro fator a ser analisado. Ou seja, como repercutiu para os jogadores, comissão técnica e diretoria. Ajudou ou atrapalhou? 

Beirando a zona de rebaixamento, mesmo sendo ainda início do Campeonato Brasileiro, e próximo ao início da Copa do Brasil, é urgente que se defina rapidamente quem comandará o Timão até o fim da temporada e que se reforce o elenco nas suas posições carentes, mesmo que seja com jogadores da base. Para isso é necessário bom senso e muita responsabilidade da diretoria para não cometer erros e equívocos. Não é mais hora de apostas e experimentos. É hora de resgatar o time como um todo. É hora de resgatar a grandeza do Corinthians e de recolocá-lo no topo do futebol nacional. 

Créditos e fontes de imagens 

placar.uol.com.br - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians/foxsport.com.br


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