Panela, frigideira do diabo


Lutando para se afastar da zona de degola no Campeonato Brasileiro e saindo em desvantagem na Copa do Brasil, ao ser derrotado na Neo Química Arena em Itaquera, o Corinthians é objeto de preocupação da sua torcida e, quiçá, de seus dirigentes que, após uma temporada muito ruim, dentro e fora do campo, estão empurrando o time com a barriga, até o final dessa gestão. Sem o diretor de futebol, que pediu afastamento para tratar de sua campanha eleitoral para presidente do SCCP, o Timão ficou sob a responsabilidade do seu gerente de futebol, que, quando jogador, teve mais horas no Departamento Médico do que no campo, e do diretor adjunto Jorge Kalil. 

Sofrendo as consequências de um mau planejamento e de escolhas equivocadas, quando contratou jogadores de baciada na xepa da feira, ops! dos times de futebol e de empresários de jogadores, inclusive atletas descartados por treinadores de outros times, o elenco ficou inchado de jogadores em algumas posições e deficitário em outras, além da camisa alvinegra ter pesado muito para alguns, que não deram liga e apresentaram um mau rendimento. Para piorar a situação, o comando técnico do time foi um desastre. Um chegou para mudar o DNA, mas o material humano disponível bem como a falta de habilidade do treineiro inviabilizaram a proposta. O outro, acostumado a treinar garotos, não conseguiu adequar sua experiência ao time adulto e, também não conseguiu bons resultados. 

E a bomba acabou explodindo nas mãos do Vagner Mancini. Técnico muito responsável, apesar da pouco experiência com times tops, assim que foi contatado, aceitou prontamente o novo desafio e se pôs na estrada para assumir o time o mais rápido possível. Chegou entusiasmado, com planos e projetos para colocar a casa em ordem. Embora sua contratação tenha desagradado parte da torcida, os times sob seu comando têm sido bem organizados e equilibrados: defensivos sem serem retranqueiros e ofensivos sem abdicar da defesa. É isso que ele vem tentando fazer com os recursos que tem ao seu dispor. Mas isso requer um esforço conjunto da comissão técnica, jogadores e diretoria, o que parece não estar havendo, pelo menos de parte do elenco e da diretoria. E o último jogo deixou isso muito claro. 

Contra o América-MG, pelo jogo de ida da Copa do Brasil, vimos em campo um time apático, sem criatividade, com pouca produção do meio campo que, apesar de ter 68% de posse de bola, não sabia o que fazer com ela, além de muitos erros nos fundamentos e da queda de produção na etapa final, com apenas dois chutes a gol. Perdendo de 1 a 0, num gol achado pelo time mineiro devido a uma sucessão de erros corinthianos, o Timão precisa vencer por dois gols de diferença para classificar-se para as quartas de final. Se vencer por um gol de diferença, a decisão irá para os pênaltis. No gol do América-MG, Cássio errou o tiro de meta, Luan e Sidcley não disputaram a bola deixando o campo livre para o Neto Berola cruzar para Toscano abrir o placar aos 43 minutos do segundo tempo. E Fagner, sem fazer nada, só ficou olhando. 

Diante da apatia e da falta de criatividade do time, Vagner Mancini ficou muito irritado com o desempenho dos jogadores, cobrou mais chutes ao gol e reclamou da pouca ofensividade e da indecisão dos seu atletas. Bastante enérgico, o técnico falou da necessidade de reajustes da equipe, mesmo que isso custe algum sofrimento. Sinalizou, também, para a necessidade de uma postura diferente da equipe, com mais imposição, agressividade, coesão e entrega com capacidade de mudar a situação de jogo através de uma mudança de atitude. Muito louvável a postura do treinador, mas será que os mimizentos do time irão concordar com as mudanças propostas pelo técnico? Ou irão fazer corpo mole e derrubá-lo, como já fizeram num passado recente? Mancini terá o respaldo da diretoria para colocar os medalhões, que estão jogando apenas com o nome, no banco e acabar com a panela que domina o elenco? Sem autonomia na gestão do time em campo, nenhuma comissão técnica terá sucesso. E essa autonomia passa, necessariamente, em desagradar os acomodados e no resgate da autoridade do comandante da equipe no gramado e em algumas situações, até fora dele. E isso tem faltado ao Corinthians nesta temporada. Acabar com a panela que manda no time é condição "sine qua non" para tal resgate, pois somente assim a panela deixará de ser a frigideira do diabo para fritar os técnicos que desagradam os mimizentos do time. 

O jogo de volta das oitavas de final da Copa do Brasil será na quarta feira, 04/11, às 21:30 horas, no Estádio Independência, em Belo Horizonte, MG. Mas, antes dessa partida, o Corinthians receberá o Internacional na Neo Química Arena em Itaquera, São Paulo, SP, no sábado, 31/10, às 19:00 horas pela 19ª rodada do Campeonato Brasileiro. No mesmo dia e horário, o América-MG visitará o Avaí no Estádio Dr Aderbal Ramos da Silva em Florianópolis, SC pela Série B do Campeonato Brasileiro. 

Fonte de imagem 

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