Sessenta e três anos de corinthianismo
Fevereiro é um mês de duas grandes comemorações na minha vida. É o mês em que comemoro a data em que retornei a esse Planeta para novas aprendizagens e o mês em que festejo meu aniversário de Corinthianismo. Não, como muitos pensam, não nasci Corinthiana e só vim a conhecer o Corinthians às vésperas de completar 14 anos. Nasci numa família dividida no futebol, de pai são-paulino fanático e de mãe,"palmeirense desde o tempo do Palestra Itália,"como ela afirmava, batendo no peito. Quinta filha do casal, os irmãos estavam divididos, dois pra cada lado e eu era aliciada pelos 2 lados, para o desempate. Não me preocupava com futebol. Onde eu morava ainda não tinha televisão e criança não mexia no rádio. Jornal também não era muito comum e era leitura de adulto. Morava em Bauru, onde a televisão ainda não chegara e, em casa, quando o assunto era futebol só se falava em São Paulo e Palmeiras. Mas, em 1955, de férias em São Paulo, uma amiga da mamãe, sabendo que ela era palmeirense, nos convidou para ver pela TV um jogo do Palmeiras e para conhecermos a maravilha do século, a televisão.
Lembro-me como se fosse hoje. Foi no dia 06 de fevereiro de 1955. Neste dia, pela 1ª vez na vida, conheci a televisão, vi o meu 1º jogo de futebol e, o mais importante, conheci o Corinthians. Confesso que fui pro jogo disposta a dar uma força e torcer pro time da mama. Eu até pensei que o jogo fosse contra o São Paulo e só ao chegar na casa dos nossos anfitriões fiquei sabendo que o jogo era contra o Corinthians. Minha 1ª pergunta foi, "quem é o Corinthians?" E o dono da casa, que era corinthiano, esclareceu-me, resumidamente, sobre o Timão.
Acomodamo-nos para ver o jogo e eu estava encantada com o espetáculo e com a tecnologia que me permitia ver o que se passava em outro local no momento em que tudo acontecia. Ficamos em silêncio para melhor usufruir aquele momento. A TV branco e preto não permitia ver as cores, mas isso pouco importava. Eis que os times entraram em campo e, mesmo sem saber quem era quem, me encantei com o Corinthians. Ao vê-lo em campo, eu me arrepiei toda e, naquele momento, a mama teve que torcer sozinha para o seu "Palestra Itália."
Não entendia bem os lances do jogo, mas, fiquei feliz com o gol do Luizinho, me entristeci com o gol do Palmeiras e sofri até ouvir o apito final e ver a festa da torcida no Pacaembu. Ali começou a minha vida de "corinthiana, maloqueira, sofredora, graças a Deus." O dono da casa, pacientemente, ia explicando o jogo e me deixou mais tranquila, quando disse que bastava um empate pro Corinthians ser o campeão do IV Centenário.
Não entendia bem os lances do jogo, mas, fiquei feliz com o gol do Luizinho, me entristeci com o gol do Palmeiras e sofri até ouvir o apito final e ver a festa da torcida no Pacaembu. Ali começou a minha vida de "corinthiana, maloqueira, sofredora, graças a Deus." O dono da casa, pacientemente, ia explicando o jogo e me deixou mais tranquila, quando disse que bastava um empate pro Corinthians ser o campeão do IV Centenário.
SOU CORINTHIANA!
COM MUITO ORGULHO!
COM MUITO AMOR!
Como recordar é viver, faço questão de reviver esse dia e compartilhar com os leitores do blog um momento tão importante e significativo da minha vida.
A decisão
Ficha técnica - Corinthians 1 X Palmeiras 1
Campeonato Paulista do IV Centenário
Local: Estádio Municipal do Pacaembu
Data: 06/02/1955
Horário: 15 horas
Gols: Corinthians: Luizinho - Palmeiras: Nei
Corinthians: Gilmar, Homero e Alan; Idário, Goiano e Roberto; Cláudio, Luizinho, Baltazar, Rafael e Simão. Técnico: Osvaldo Brandão.
Palmeiras: Laércio, Manuelito e Cação; Nilo, Waldemar Fiúme e Dema; Liminha, Humberto, Nei, Jair Rosa Pinto e Rodrigues. Técnico: Aymoré Moreira
No dia 13 de fevereiro, coube ao São Paulo entregar as faixas de campeão aos jogadores alvinegros. O Timão retribuiu o favor com uma bela vitória por 3 x 1, fechando com chave de ouro a campanha do título que vai ficar pra sempre na história do Timão e da cidade de São Paulo. O artilheiro do Timão foi Luizinho, com 14 gols
“Seria uma decisão como outra qualquer, mas com a diferença de que essa valia o título do Centenário de São Paulo. O Corinthians tinha a vantagem do empate, mas encontrou um adversário difícil. O jogo foi duro e bastante disputado. Logo no início fizemos 1 a 0. Depois, o Palmeiras reagiu e empatou. A partir daí, seguramos o resultado e fomos campeões. Todos queriam esse título, pois quem ganhasse ficaria com a glória para os cem anos seguintes”.
Corinthians Campeão do IV Centenário - Hino
Créditos e fontes de imagens
Carla de Oliveira Nascimento
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