Minha seleção é o Corinthians

Não consigo me empolgar com Copa do Mundo nem com jogos da seleção. Posso até ver alguma partida, principalmente nos mata mata, para assistir um bom jogo de futebol, mas sem o entusiasmo que sinto ao ver um jogo do Timão. Falta algo fundamental, falta emoção. O mesmo acontece nas partidas da seleção brasileira. Não me identifico com o time e não me sinto representada por esse catadão de "estrangeiros" que atuam na seleção da cbf (com minúscula mesmo). Não consigo senti-la como representante do meu país, mas sim de uma empresa corrupta e corruptora. E para piorar, diferente do que acontece em outros continentes, por conta de um calendário esdrúxulo, ela ainda desfalca os times durante o campeonato nacional. Os clubes mantém os jogadores, pagam seus salários, cuidam de sua saúde, treinam e investem neles e em momentos importantes, muitas vezes decisivos, são alijados pela cbf dos seus melhores representantes. Não acho justo. 
Mas não é só isso. Não percebo na seleção uma unidade nacional, um espírito de grupo e uma coesão interna que a caracterize como uma equipe, como um time de futebol. Há inclusive uma certa dose de individualismo em prejuízo do coletivo. Sob certo aspecto, falta espírito de grupo e sobra vaidade. Para muitos, ela não passa de uma vitrine para valorizar jogadores, objetivando grandes negócios futuros. Isso explica, em parte, o predomínio do individual sobre o coletivo. 
Mesmo que nos clubes o futebol também seja encarado como business, a história do clube e suas tradições, bem como a relação entre seus participantes e a torcida possibilitam a construção de uma unidade, de um sentimento de grupo e do espírito de equipe. Seja pela convivência diária em períodos mais longos ou pela necessidade competitiva de buscar conquistas na temporada, os laços tornam-se mais fortes e duradouros e, geralmente, jogadores e suas famílias mantém os laços de amizade fora do clube. Mesmo o futebol sendo business, a mística da camisa e o apoio da torcida acabam envolvendo o elenco e unindo o grupo. 
Como torcedora eu me envolvo com o Corinthians de forma umbilical. Não só torço, jogo junto. Apoio, sofro e choro, de tristeza nas derrotas e de alegria nas vitórias. E como eu, mais de 30 milhões de loucos. Acompanho o clube em todas as suas modalidades e se, no mesmo horário, ocorrer um jogo de qualquer modalidade do Corinthians e outro Copa do Mundo da seleção, vou assistir o jogo do Timão. Sinto pelo Corinthians algo especial, uma ligação forte e intransferível que, mesmo nos momentos de crise, é inabalável. É algo inexplicável pela razão e incompreendido por quem não foi contemplado pela mesma paixão. Algo que já me fez chorar e perder noites de sono, mas que também me proporcionou alegrias imensas e muita felicidade. 
Não sinto nada disso pela seleção. Ela não me proporciona nenhuma emoção. Não consigo torcer, não consigo vibrar e não me sinto por ela representada. E durante esse período de Copa do Mundo, sou acometida de uma tremenda crise de abstinência pela ausência do Timão. Só consigo torcer para que passe rápido e que tudo volte à normalidade para que eu possa ver meu Corinthians jogar. 
Por isso, afirmo de coração: Corinthians, minha única seleção. 

Crédito de imagem 
Antonio Carvalho do Nascimento 

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