A alma de um time não tem preço, tem valor

Nem o mais apaixonado corinthiano apostava em títulos no início da temporada. Time sem dinheiro, contratações de pouco impacto, garotos da base para compor o time titular, técnico novo e sem muita confiança da torcida e diretoria totalmente desprestigiada devido aos seus erros e omissões. Se o ambiente não era de terra arrasada, também não era favorável, havendo, inclusive entre torcedores, o receio de que no Campeonato Brasileiro, lutaríamos para não cair. Alguns temerosos, muitos ressabiados, alguns esperançosos, mas poucos cravando que seria um ano de vitórias e conquistas. E assim, entre desconfianças e esperanças, teve início uma temporada que desafiou a pretensa lógica de que altos investimentos financeiros sempre garantem títulos aos times endinheirados. 
Com um elenco enxuto e limitado, sem jogadores badalados e com um técnico visto com desconfiança, o Corinthians desafiou a lógica do mercado bem como o pessimismo dos que o classificaram como a quarta força do Estado, sagrando-se campeão paulista. E fez um primeiro turno brilhante no Brasileirão. Mas quando todos já cravavam uma conquista fácil, o time parecia sucumbir e despencar. Acabou o gás, baixou a adrenalina, esgotaram-se as forças diziam, os mais pessimistas e os anticorinthianos de carteirinha. Parecia que o time estava estourado, jogadores chaves caíram de rendimento e o banco de reservas parecia não ser suficiente para a retomada das vitórias.
Alguns times foram subindo na tabela, a diferença para os concorrentes foi diminuindo, os adversários foram se animando, a torcida foi ficando preocupada... Mas quando já nos chamavam de cavalo paraguaio, devolvemos o esculacho com gols dos corinthianos paraguaios, o Jô recuperou-se como rei dos clássicos, Carille, mesmo tardiamente, mexeu no time substituindo peças desgastadas, os jogadores que entraram deram conta do recado e o time voltou para o campeonato, estando muito próximo de mais um título brasileiro. 
Fazendo valer a mística corinthiana, "se não dá na técnica, vai na raça", o time buscou em si mesmo e no apoio da torcida a energia necessária para a retomada das vitórias. 
Desafiando a lógica e os mais pessimistas prognósticos, jogadores desacreditados fizeram os gols nos últimos jogos. Confiantes, provaram o mantra do Carille que disse não desistir de jogador e que quem entrasse daria conta. Empurrados pela torcida, a adrenalina voltou e os atletas, demonstrando a raça corinthiana, estão calando a boca daqueles que deles duvidaram. E nessa retomada, os jogadores do banco têm sido fundamentais e feito gols importantes: Clayson, Giovanni Augusto e Kazim. 
Sobre o jogo contra o Avaí, jogamos para o gasto, vencemos o jogo e faturamos os três pontos. Com mais posse de bola (59%), o Corinthians foi pouco criativo no meio campo, suas principais jogadas foram pelas beiradas e das suas 16 finalizações errou 11. Mesmo assim, sem ser brilhante, o time se doou em campo. O jovem goleiro Caique não se apavorou com a responsabilidade e, quando exigido, deu conta do recado. Kazim, após uma gestação de nove meses, marcou o gol da vitória e, assim como Giovanni Augusto, queimou minha língua e de muitos outros. 
O gringo da favela comemorou muito seu gol, arrancando a bandeira de escanteio e com ela saudando a torcida. Foi, segundo ele, o gol mais importante de sua carreira. Rodriguinho destoou do time e foi o pior em campo, sendo substituído pelo Maycon. 
Com o resultado e com o empate do Grêmio, a diferença de 10 pontos para o segundo colocado aproximou ainda mais o Corinthians do título, bastando uma vitória para sagrar-se campeão. Contra os pessimistas prognósticos do início da temporada, o Corinthians superou-se na raça e mostrou que, também no futebol, existem valores mais poderosos do que o dinheiro. Se este consegue comprar craques, não consegue comprar profissionalismo, amor à camisa, espírito de grupo e raça. Um time barato e limitado, mas aplicado e determinado, sob o comando de um técnico focado e competente, é capaz de superar pela garra e pela vontade obstáculos aparentemente insuperáveis. Pouco adianta gastar milhões, ter um elenco caro  e recheado de estrelas, se falta o essencial: a vontade, a união do grupo e o coletivo acima do personalismo. Um bom elenco se compra com dinheiro, mas um bom time se forma com um bom comando, com comprometimento, com espírito de grupo e jogo coletivo. Todo elenco tem seu preço, mas a alma de um time não tem preço, tem valor. 

Créditos e fontes de imagens 
globoesporte.globo.com-Marcos Ribolli/globoesporte.globo.com 
Djalma Vassão/Gazeta Press/gazetaesportiva.com 
twitter.com/@Corinthians 
twitter.com/@MeuTimao 

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