Mata mata? Não. Morre morre.

Morrer no mata mata tem sido a prática corinthiana na Arena Corinthians. Aquilo que poderia ser um caldeirão tem sido um freezer no desempenho do time. Um banho gelado, um frio na espinha, uma tragédia anunciada. E os fantasmas continuam assombrando a nação alvinegra. Em 2015, eliminado nos pênaltis pelo Palmeiras no Campeonato Paulista, eliminado pelo Guarani-PAR na Libertadores e eliminado pelo Santos, na Copa do Brasil. Em 2016, eliminado nos pênaltis no Campeonato Paulista pelo Audax, e eliminado na Libertadores pelo Nacional-PAR. Na realidade, não conseguimos exorcizar os fantasmas e já estão chamando nosso estádio de Elininates Arena. 
A última eliminação começou a ser construída no jogo do Uruguai, onde o time não conseguiu passar da intermediária e voltou satisfeito com o empate. Até acreditávamos que em Itaquera a situação poderia ser diferente, que o apoio da torcida seria capaz de motivar o time, de dar-lhe a alma que não teve no Uruguai, que teríamos um time pilhado e determinado. Ledo engano. Vimos exatamente o oposto. 
Diante do Nacional-PAR, um time mediano, mas muito organizado e bem postado em campo, presenciamos um Corinthians sem alma, sem raça e sem garra, excessivamente nervoso e afobado. Os uruguaios, com muita raça e determinação, com u'a marcação agressiva e sufocante, vieram para cima, pressionando desde o início, fechando os espaços e atacando. Pareciam os donos da casa, diante dos anfitriões perdidos em campo, que só acordou depois de levar o gol, numa falha generalizada da sua defesa. O Corinthians conseguiu empatar e, ciente de que o empate não seria suficiente, partiu em busca do 2º gol, mas, nervoso, ansioso e desequilibrado, errou muito e quem desempatou foi o time uruguaio. O nervosismo continuou imperando, André desperdiçou uma cobrança de pênalti e só no finalzinho do jogo, Marquinhos Gabriel, também de pênalti, conseguiu empatar a partida. Nos poucos minutos restantes, o Corinthians continuou errando e acabou amargando mais uma eliminação na Arena. 
Apesar de lamentável, o resultado foi justo e premiou o time mais organizado, mais frio, mais aplicado e equilibrado. Não podemos nem colocar a eliminação na conta da péssima arbitragem argentina. Na realidade, perdemos para nós mesmo. O resultado reflete nossos erros, a escalação equivocada, as substituições tardias, a falta de raça, a imaturidade, o desequilíbrio emocional e os erros cometidos. Erros fora e dentro do campo, erros que começaram ao se colocar como meta o empate fora de casa e jogar a decisão para a Arena. O péssimo jogo no Uruguai foi o começo da eliminação nas oitavas de final, que culminou com u'a atuação inconsistente em Itaquera, de um time sem marcação, sem criação, sem alma, sem raça, sem garra e sem pontaria. De um time que não sabe jogar quando pressionado e que foi incapaz de vencer, mesmo com o apoio de mais de 43 mil torcedores. 
Neste momento, mais do que lamentar, é hora de admitir os erros e equívocos, para poder corrigi-los. Não é hora de passar pano no time nem a mão na cabeça dos jogadores, escondendo os erros de estratégia. Se Tite considera que o time não é cascudo e sim vulnerável à pressão, por que deixou Balbuena e Danilo no banco, optando pelo inexperiente e abalado Iago. E não me venha dizer que ter sido pego no doping, mesmo sem culpa, não teve influência no emocional do jogador. Por que não escalar Romero, Arana, Marlone, que têm se apresentado melhor que Lucca, Uendel, Rodriguinho e André? Nossa marcação foi pífia, nossa defesa insegura, mas parece que alguns jogadores são intocáveis. Cássio tem dado muitos sustos, espalmando muitas bolas nos pés dos adversários. Bruno Henrique não marca, não passa e não tem pontaria. Se Cristian estiver pior que ele, deve estar treinando de muletas ou de andador. Se tudo está dando errado, por que não mudar o esquema tático e tentar algo diferente? Por que não dar chance para aqueles que, quando entraram em campo, mostraram raça e tiveram bom rendimento? O time continua engessado num esquema tático mais que manjado e numa filosofia de jogo incapaz de promover mudanças e variações. Sacrifica-se o futebol e a qualidade, mas não se sacrifica o esquema tático e a filosofia do treinador. E insiste-se na escalação de jogadores com deficiência técnica. Tite, considerado um paizão, amado por muitos e idolatrado por outros, não tem conseguido pilhar o time, que quando pressionado, mais parece um grupo de coroinhas ajudando a celebração da missa. Há muito não vemos um time determinado, com gana, com a tradicional garra corinthiana. Pressionado, o time se afoba, se descontrola e erra os fundamentos mais simples. Desesperado, pouco produz e é facilmente anulado em campo. 
Se quiser colher algo na temporada, muita coisa tem que ser mudada, a começar pela postura e pela atitude da comissão técnica e do elenco. Tem que parar de desculpismo, de passar a mão na cabeça dos jogadores e cobrar mais, pois alguns estão rendendo bem menos do que podem. Tem que resgatar em cada um a alma corinthiana, perdida em algum lugar no passado. Tem que voltar a jogar como Corinthians. 

Crédito de imagem 
globoesporte.globo.com 

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