Era feliz e não sabia...


Roberto Carlos, atualmente jogando no futebol russo, foi mais uma vítima de racismo, prática recorrente no futebol europeu. Tal comportamento de torcedores evidencia que o desenvolvimento científico e tecnológico dos países europeus não foram acompanhados de um desenvolvimento social e moral compatível com os princípios democráticos e com os ideais de igualdade e fraternidade entre os povos. 
A violência sofrida pelo jogador brasileiro transcende a esfera pessoal e atinge todos os afrodescendentes do planeta. E, como tal, deve ser repudiado por todos. Roberto Carlos, com toda a razão, ficou bastante indignado e chegou a declarar que não tem mais vontade de voltar a jogar. É compreensível esta indignação do jogador que, neste momento, se faz merecedor de toda a nossa solidariedade.
Este episódio levou-me a refletir sobre a trajetória futebolística do Roberto Carlos e a indagar sobre o significado do mesmo na vida do jogador. De origem humilde, Roberto Carlos, pelos seus méritos, foi um dos melhores jogadores do mundo e o melhor em sua posição. Foi destaque nos grandes clubes da Europa e na Seleção Brasileira. Em final de carreira, quando não mais garantia a titularidade no futebol turco, voltou para o Brasil e foi jogar no Corinthians. 
Chegou animado, declarando-se mais um louco do bando, prometendo não só gols e títulos, mas, também, encerrar sua carreira no Corinthians. Simpático, alegre e sorridente, cativou a Fiel, embora não mais demonstrasse em campo as mesmas qualidades de antes. Mesmo assim, com sua boa forma física e com suas palavras otimista nos encheu de esperanças. 
No entanto, errava muitos passes, ficava mais na marcação, pouco chegava à linha de fundo e em suas cobranças de falta, a bola ia parar nas arquibancadas e raramente atingia o gol. Fez alguns bons jogos, outros nem tanto e, como falava demais, acabou se indispondo com parte da torcida ao desmerecer nosso título de Campeão Mundial de Clubes, para ele apenas um mundialito. Na eliminação do Corinthians na Libertadores 2010, uma falha sua deu início à jogada que resultou no pênalti, mas a culpa caiu toda nas costas do Moacir. 
Na eliminação da Pré Libertadores ele pensou que o Tolima fosse o Barcelona, que o Medina fosse o Messi e pipocou feio. Somatizou o medo numa lesão, sentiu-se inseguro e não foi para o jogo. Obviamente, a torcida não ficou feliz e uma minoria excedeu-se nos protestos. No dia seguinte às manifestações dessa minoria ele chegou a declarar numa entrevista ao Estadão que ele e o Ronaldo iriam resgatar a alegria da torcida. Mas, eis que, alguns dias depois ele mudou de ideia e declarou que, sentindo-se ameaçado pela torcida, iria deixar o Corinthians. 
E, antes mesmo da tinta da assinatura do distrato com o Corinthians ter secado, ele assinou um contrato milionário com um clube russo. 
Ele não saiu do Corinthians por medo da torcida, mas sim devido a uma proposta financeira mais vantajosa. Apenas usou como desculpa para sair a ação tresloucada de alguns vândalos travestidos de torcedores.
Roberto Carlos deixou o Corinthians com medo de uma ameaça da torcida, que não se concretizou na prática com nenhum ato de violência contra os jogadores que naquele momento permaneceram no clube e sofreu uma violência no país para o qual fugiu por conta daquela ameaça. Deu a desculpa de uma pretensa violência e acabou sendo vítima de uma violência real.
O que será que este episódio lamentável pode ensinar para nós e, principalmente para o jogador. Será mera coincidência ou haverá alguma lição embutida nos dois atos de racismo que ele sofreu na Rússia.
Como afirmou Albert Einstein, “Deus não joga dados”. Portanto, não existe acaso.  O Universo é regido por leis naturais, entre elas as leis de ação e reação e a lei de atração. Além disso, estamos encarnados neste planeta para aprender, para evoluir. A reflexão que faço é que as soberanas leis do Universo estão tentando ensinar ao Roberto Carlos que existem bens mais importantes que o dinheiro e que a verdade e a transparência são virtudes que não podem ser negligenciadas. Usando uma possível violência para justificar um contrato mais vantajoso, ele acabou sofrendo uma violência real. Não havia necessidade de usar a torcida como desculpa, até porque foi uma pequena minoria, e não a torcida que o ameaçou. Aqui ele era querido e respeitado pela maioria da Fiel. Deixar o Corinthians era um direito seu, mas não precisava sair pela porta dos fundos e colocando a Fiel no mesmo patamar da minoria de vândalos que não a representa. Ele poderia ter assumido que saiu para ganhar mais, como fez o Jucilei, pois, qualquer trabalhador tem o direito de buscar o que considera ser mais vantajoso para a sua carreira, embora mais dinheiro não seja, necessariamente garantia de felicidade. 
Ao trocar o Corinthians e o Brasil pelos euros dos russos, Roberto Carlos trocou também o carinho e o respeito dos brasileiros pela intolerância e pela violência do racismo. Será que valeu a pena?



Diante da violência racista por ele sofrida, que o fez até pensar em largar o futebol, ouso afirmar que, no Corinthians, ele era feliz e não sabia...





Créditos de imagens
timaosempreserei.blogspot.com
abola.pt
www1.vooz.com.br
colunistas.ig.com.br
nrt.com
magnomoreira.blogspot.com
rna.ao
uolesporte.blog.uol.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Vai Corinthians!

Depenando o urubu

Que decepção!!!