Não era só futebol

Não era não. Para muitos era uma profissão, seu ganha pão. Para outros uma promessa de vida, a busca de uma carreira vitoriosa, a busca do sucesso, a garantia de um futuro melhor, a sua realização pessoal e profissional. Era o sentimento do dever cumprido e o coroamento do esforço, do trabalho, da dedicação. Para todos, a realização de um sonho. O sonho do pequeno que se agigantou e que, degrau a degrau, chegou à final de um torneio continental. O sonho de mais um título, do seu maior título. 
Não era só futebol. Era um sonho. O sonho de um time, de uma torcida, de uma cidade, de uma população.
Um sonho que virou pesadelo com ingredientes de um filme de terror. Vidas ceifadas, famílias desesperadas, filhos sem pais, esposas sem maridos, pais e mães sem seus filhos, só tristeza, muitos ais. 
O que falar neste momento de tanta dor e desespero? Palavras de consolo fogem-me como as vidas que se foram. Dói o peito, lágrimas lavam-me a face. Não sei o que fazer, não sei o que falar. Apenas chorar as lágrimas sentidas de uma dor que atinge meu coração com a partida desses irmãos, que não são irmãos de sangue, mas irmãos de Humanidade criados por um mesmo Pai. E diante da tristeza que minh'alma invade, sinto-me parte dessas famílias enlutadas. Coloco-me no lugar de cada parente, faço por eles uma vibração envolvendo-os no carinho e na solidariedade, pedindo que esses irmãos, os que partiram e os que ficaram, sejam acolhidos, amparados e confortados. 
Já não existe mais rivalidade, já não vejo mais adversários. Vejo apenas irmãos necessitados de um abraço, de um carinho... Ao invés do canto da torcida, entoo um canto de solidariedade a esses irmãos de Humanidade. 
Analisando as notícias e as mídias sociais, constato que não estou sozinha nesse sentimento. A solidariedade se multiplica, os rivais se irmanam e se mobilizam para todo o tipo de ajuda. A fraternidade extrapola os limites da cidade, do estado, do país, ultrapassa o mundo da bola. Em cada rosto solidário uma lágrima rola, fazendo emergir em cada um, o humano que ainda não perdemos e o divino que nem sempre reconhecemos. 
E, no meio de tanta dor que nos machuca o coração, as tragédias chamam a atenção para os verdadeiros valores e o sentido da vida. Fazem emergir o divino que temos guardado, muitas vezes escondido e ignorado até mesmo por nós que o possuímos. E assim como o lírio brota no lodo, nasce a esperança de que a semente da solidariedade possa renascer nos corações endurecidos pelo rancor e que a rivalidade não seja, jamais, maior do que o amor e a compaixão.

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