Uma noite de terror

O que vimos na quarta-feira à noite no estádio Orlando Scarpelli em Florianópolis foi um espetáculo grotesco de dois times praticando o anti futebol. Nem no catadão após o churrasco de domingo, regado a muitas brejas, a bola é tão maltratada em campo. O jogo mais parecia uma pelada de final do ano e não a disputa entre dois times profissionais num campeonato oficial. De um lado, um time brigando para permanecer na Série A do Brasileirão. Do outro, um time que diz querer se classificar para o torneio continental. Comum a ambos, um baixo nível técnico, uma bagunça tática, desorganização e jogadores apanhando da bola. E uma arbitragem caseira, errando muito, não coibindo a violência dos anfitriões, que bateram sem dó, invertendo faltas, ignorando pênalti e validando gol impedido. Mas, embora as reclamações contra a arbitragem sejam pertinentes, elas não anulam o mau desempenho técnico e tático do Corinthians, que se tivesse aproveitado as poucas oportunidades criadas, teria vencido o jogo e o homem do apito, cujos erros contra o Timão têm sido recorrentes. Só para lembrar, esse apitador validou três gols impedidos contra o Corinthians nos jogos com o Fluminense, Flamengo e Figueirense. 
Ultimamente, cada vez que vejo um jogo do Timão declaro ser o pior jogo que assisti. Infelizmente, no jogo seguinte, o time consegue superar sua ruindade, para a decepção da Nação Alvinegra. Neste último jogo faltou tudo: futebol, organização tática, qualidade física e técnica dos jogadores, compactação, acerto de passes, criatividade, precisão no arremate final, raça e vibração. Com raríssimas exceções, faltou alma, faltou ser Corinthians. O time não trabalhou a bola, abusou dos chutões, vacilou no gol adversário, recuou no 2º tempo e foi castigado nos acréscimos com um gol impedido validado pelo Amarilla brasileiro.
Mas, o pior ainda estava por vir: a entrevista do Oswaldo de Oliveira. O treineiro teve o desplante de declarar que o time teve boa atuação e atribuiu o resultado exclusivamente à má arbitragem, ignorando as falhas gritantes e escandalosas apresentadas pelo time. Acho que vimos jogos diferentes ou o Oswaldo deve estar com graves problemas visuais. Ou fazendo o jogo do contente, tal como fazia a garota Pollyanna, no romance escrito por Eleanor H. Porter. Além de subestimar nossa inteligência, sua falta de objetividade e autocrítica atrapalha o time. Incapaz de diagnosticar os problemas da equipe, nem sequer de enxergá-los, ele jamais poderá resolvê-los e o time continuará jogando do mesmo modo e cometendo os mesmos erros. E ficaremos na dependência de lampejos ou da habilidade individual de um jogador, (como aconteceu no gol do Camacho) para obter um bom resultado. Com um desempenho pífio nesta sua passagem pelo Corinthians, com apenas uma vitória em 6 partidas e com o aproveitamento de apenas 33% dos pontos disputados, a atuação do Oswaldo ainda tem o agravante de que quanto mais tempo ele tem para treinar, pior é o desempenho do time. Se numa orquestra com músicos limitados, um bom regente dificilmente consegue uma boa sinfonia, imagine o desastre que ocorre quando o maestro não percebe as notas dissonantes nem identifica os instrumentos desafinados? O mesmo acontece num time de futebol, quando o técnico não percebe os erros cometidos nem é capaz de identificar as falhas dos jogadores. Infelizmente, esta é a realidade atual do Corinthians, o que nos faz temer novas tardes e noites de terror.
Como o Oswaldo achou que o jogo estava bom, ele demorou para fazer as substituições. Preferiu deixar o Willians mancando em campo, o Marquinhos Gabriel andando e errando tudo o que tentou fazer, o Giovanni Augusto apagado, o Lucca perdido de falso 9 e todos desperdiçando o pouco que o Rodriguinho conseguia criar. Deve ter alguma cláusula no contrato do Fraquinho Gabriel que obriga sua escalação permanente, pois ele não cria nada, erra passes, perde a maior parte dos lances individuais, não acerta o gol, além da apatia demonstrada em campo, mas não sai do time. Tem sido o pior jogador nos últimos jogos. Apesar do mau desempenho dos jogadores, Oswaldo só mexeu no time no finalzinho, talvez só para ganhar tempo, já que para ele o time estava bem. 
Rodriguinho e Camacho foram os melhores em campo, a defesa foi pouco testada, mas errou no lance do gol e o ataque continua o mesmo ataque de nervos. 
Além da má atuação, perdemos três jogadores para o próximo jogo. Lucca e Rodriguinho levaram o 3º cartão amarelo e Giovanni Augusto levou o vermelho direto por arrumar confusão em campo no final do jogo.
Com o empate o Corinthians perdeu a oportunidade de subir para o G6 e só não perdeu mais posições porque os que poderiam nos ultrapassar, também falharam em seus jogos. Dependendo de si mesmo, o Timão ainda poderá reagir, pois ainda faltam três jogos para o término do Brasileirão, sendo dois na Arena, um deles confronto direto contra o Atlético-PR, o atual 6º colocado na tabela. Mas, para que isso ocorra, é necessário que as falhas sejam diagnosticadas e corrigidas e que Oswaldo tenha um choque de realidade e abandone o mundo de fantasia em que se encontra. Mais do que classificar-se para a Pré Libertadores, é fundamental que se termine a temporada com um mínimo de dignidade. 

Créditos e fontes de imagens
globoesporte.globo.com-Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians/gazetaesportiva.com-MAON

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