Sem desespero

Um gol logo aos quatro minutos numa jogada bem trabalhada deu a impressão de que voltaríamos de Porto Alegre com a vitória e os três pontos na bagagem. Mas não tivemos fôlego para manter o resultado, levamos o empate numa bobeada da zaga e tomamos a virada num lance infeliz decorrente de uma escorregada do Mantuan, que perdeu a bola na área do Internacional e Rossi mandou para o gol vazio, pois Walter já havia saído. Mantuan, desolado, foi consolado até pelos adversários. 

Diante do resultado adverso e inesperado, já tem gente crucificando o Mantuan e pedindo a cabeça do Osmar Loss. Creio que não há razão para isso. Jogadores mais experientes já cometeram erros que resultaram em derrotas, inclusive Fagner e Balbuena, jogadores de seleção. Mantuan é jovem, jogador ainda em formação e é volante, jogando improvisado na lateral. Apesar de não ser seu primeiro erro, tem feito bons jogos na ausência do Fagner. Erro maior é a diretoria não ter contratado um lateral direito, obrigando a comissão técnica a improvisar jogador para a posição. Quanto ao Osmar Loss, ele é técnico há apenas cinco dias e, devido ao jogo de quinta feira à noite, nem conseguiu treinar direito o time para esse jogo. Há de se considerar que o adversário teve um tempo maior de preparação, enquanto o Corinthians teve o desgaste da viagem ao Sul do país e de um jogo intenso contra o Millonarios no meio da semana, além de desfalques importantes.

Tais fatos explicam a baixa intensidade do time em Porto Alegre e sua baixa produtividade ofensiva. Com jogadores desgastados e desfalcado de peças fundamentais, o time acomodou-se após o gol e achou que seguraria o resultado, o que acabou não acontecendo. Obviamente, também contribuíram para isso o desentrosamento e a falta de ritmo de jogo daqueles que substituíram os titulares. Além disso, acostumado a jogar no 4-4-2, o time não se encontrou no 4-2-3-1, pouco criou e a bola não chegou para o Roger. Se é para atuar com centro avante, é necessário treinar o novo esquema tático. 

Em que pesem os atenuantes supra citados, não podemos nem devemos esconder os erros individuais e coletivos, que foram muitos. O Corinthians não perdeu o jogo apenas devido a falha do Mantuan. Perdeu por várias razões: recuou após fazer o gol, deixou um buraco entre a zaga e os volantes, faltou apoio dos laterais, pouco criou após fazer o gol, errou muitos passes, abdicou de atacar, demorou para substituir e substituiu mal, além de cometer falhas individuais. 

Além do erro de Mantuan, Sidcley pouco foi para o ataque, Henrique falhou no gol do Damião, Paulo Roberto foi inseguro na marcação e errou muitos passes, Jadson e Maycon estiveram apagados e pouco efetivos, Roger pouco produziu, Júnior Dutra e Marquinhos Gabriel quase não tocaram na bola, e Pedrinho, que entrou para puxar contra ataques, teve pouco tempo para tentar mudar o jogo. Walter fez boas defesas, mas não entendi a razão dele não estar no gol quando o Mantuan perdeu a bola. Matheus Vital foi o melhor jogador ofensivo e Balbuena o melhor na defesa. 

Com o resultado adverso, o Corinthians permaneceu com 11 pontos e caiu para a 6ª colocação, com três pontos a menos do líder Flamengo, atrás do Fluminense, Atlético-MG e São Paulo, com 13 pontos, do Grêmio com 12 e com o mesmo número de pontos do Palmeiras, Internacional e Sport. 

Apesar das derrotas em Porto Alegre e contra o Millonarios, a situação não é de desespero. Contra o time colombiano, jogamos bem e perdemos com um gol legítimo indevidamente anulado, e contra o Internacional jogamos desfalcados, num outro esquema tático e com jogadores desgastados. Osmar Loss está apenas iniciando seu trabalho, a comissão técnica está defasada, temos jogadores importantes lesionados e precisamos reaprender a jogar com centro avante. 

Neste momento de mudança é preciso manter a calma e a serenidade, bem como o apoio ao time e ao novo comandante. Loss precisa de tempo para trabalhar e imprimir sua marca ao time e a inter temporada durante a parada da Copa do Mundo será fundamental para isso e para recompor a desfalcada comissão técnica. Portanto, sem caça às "bruxas" e sem julgamentos precipitados. Agora é hora de serenidade e de paciência, sem, no entanto abrir mão de cobrar da diretoria a reposição dos desfalques e reforço para as posições carentes.

Créditos e fontes de imagens
globoesporte.globo.com 

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