Adriano, um cidadão corinthiano

Após algumas polêmicas Adriano foi apresentado como jogador do Corinthians, no CT Joaquim Grava, numa cerimônia discreta, sem a presença da torcida e com ampla cobertura da imprensa. Ele chegou acompanhado de familiares, já vestindo o manto sagrado, dirigiu-se  à um dos campos de treinamento, onde pousou para fotos e seguiu para a sala de imprensa para a entrevista coletiva. Antes da entrevista assistiu um vídeo sobre sua carreira e recebeu homenagens e presentes do Ronaldo.

A entrevista coletiva foi um interrogatório judicial e sem direito a advogado de defesa. Focadas mais em sua vida pessoal do que na profissional, algumas perguntas foram inoportunas, revolvendo problemas do passado, cutucando feridas em processo de cicatrização e com muitas cobranças. Alguns repórteres portaram-se mais como inquisidores medievais do que como jornalistas.
Embora tenha se irritado com algumas perguntas, Adriano saiu-se muito bem. Não deixou ninguém sem resposta e, assim como faz em campo, não fugiu das divididas. Não renegou sua história no Flamengo nem sua tristeza por não ter sido procurado pelo clube em sua volta ao Brasil e colocando o ex clube no passado, afirmou seu desejo de conquistar a Fiel e de ser aceito pela Nação Corinthiana. Desagradou a diretoria e parte da torcida quando revelou que, por respeito e por gratidão a um time rival, não irá comemorar gols contra ele, embora não deixará de marcá-los. Isso me surpreendeu muito. Coloquei-me em seu lugar e descobri que eu  comemoraria, sim, e muito efusivamente. Minha gratidão não chegaria a tanto... Mas, para mim, comemorar ou não, é o que menos interessa. O importante é que ele faça gols. Depois de marcá-los, se quiser, pode até chorar...

De um modo geral, gostei da sua apresentação, principalmente pela ausência de badalação, pela discrição e simplicidade. Apesar das referências ao título de Imperador, ele foi recebido pelo Corinthians como um cidadão comum, com respeito, mas, sem pompas. Respeito que, infelizmente, a maioria  da imprensa presente não demonstrou na entrevista coletiva. 
Pelas circunstâncias de sua contratação, pela sua necessidade de recuperar-se fisicamente e de resgatar suas qualidades como jogador, a postura do Corinthians não poderia ser diferente. Foi a postura de uma nação recebendo um novo membro, acolhendo-o, mas, ao mesmo tempo, indicando-lhe os novos caminhos e as expectativas em relação ao exercício de sua nova cidadania, dando-lhe a mão, mas cobrando responsabilidade e respeito à nova pátria.

Gostei da postura do Adriano. Foi humilde, quer a família ao seu lado,  afirmou ser um jogador de grupo, mostrou vontade e fome de bola e de gols. Pareceu-me um tanto frágil, um garotão, e, confesso que houve momentos em que tive vontade de colocá-lo em meu colo e acalentá-lo como acalentaria um filho ou um neto.
Alguns concordarão comigo. Outros dirão que foi uma jogada de marketing e que ele estava representando. Quem estará certo, só o futuro dirá. 

O que importa para o jogador Adriano e para o Corinthians é que ele resgate seu belo futebol, faça os gols e ajude a conquistar títulos. O que importa para o ser humano Adriano é que ele se re-encontre consigo mesmo, que ele resgate o amor que todo ser humano trás dentro de si,   sua auto estima, sua auto confiança e que  seja capaz de construir a felicidade que almeja. 
Acontece que Adriano jogador  e Adriano ser humano são duas faces de uma mesma moeda. Um depende do outro para existir.
Nesse processo podemos ajudar ou atrapalhar. Parte da imprensa anti corinthiana já escolheu o seu papel. Cabe a nós, os loucos do bando, escolhermos o nosso.

Pessoalmente, dou meu voto de confiança ao recém chegado cidadão Adriano. Assim como a Maria da música cantada por Milton Nascimento e Elis Regina, também "tenho essa estranha mania de ter fé na vida... " E nas pessoas, principalmente.
Seja bem vindo cidadão Adriano!!! Desejo que em nossa República, você encontre a felicidade e que, junto à Fiel, consiga construir o verdadeiro "Império do Amor".

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