Fluminense 1 Corinthians 0

O dia em que o Corinthians deu WO

Depois de um jogo arrasador contra o Flamengo no Pacaembu, domingo, lá no Engenhão contra o Fluminense, o Corinthians foi uma terra arrasada, um verdadeiro caos. Com uma atuação totalmente oposta a do time guerreiro, aguerrido e valente do Pacaembu, o Corinthians de domingo foi um time apático, burocrático, desorganizado, sem inspiração, pouco objetivo, sem iniciativa de jogo, sem criatividade, sem raça, sem vontade, sem esquema tático, sem jogadas ensaiadas, descontrolado, desarticulado e desnorteado. Domingo o Corinthians não entrou em campo. Deu WO.

O caos foi tamanho que não dá nem para fazer uma análise tática do jogo. Assim, aqui vão  apenas umas observações pontuais.
A derrota poderia ser maior se não fossem os erros de finalizações deles, duas boas defesas do Júlio César e o Chicão ter salvo um gol, tirando uma bola de cima da linha. 
O 1º tempo foi totalmente  do adversário, que além do gol ainda criou pelo menos quatro perigosas situações de gol. Nosso time estava tão ruim que só na etapa inicial errou 21 passes. 
O gol, para não variar, saiu de jogada de bola parada. Numa falta cobrada por Fred, a barreira pulou e abriu. A bola desviou no Ralf e confundiu o Júlio César, que não conseguiu alcançá-la.  

A defesa esteve insegura e vacilante e o resultado só não foi mais largo para o Flu devido aos seus erros nas finalizações, às boas defesas do JC e à bola tirada pelo Chicão num de seus raros bons momentos nos últimos jogos.
Os laterais, pelo menos, mostraram vontade, correram muito, mostraram boa disposição e mais objetividade em campo. Curiosamente, foram substituídos.

A dupla de volantes resolveu antecipar sua apresentação na seleção e não compareceu. Ralf e Paulinho mandaram os covers em seus lugares. Alex também não chegou da Rússia e mandou um sósia para substitui-lo. Assim, tivemos um meio campo totalmente desarticulado, com dificuldades de armação das jogadas e sem nenhuma criatividade. Consequentemente, a bola não chegou ao ataque, exigindo maior participação dos laterais e que os atacantes viessem buscá-la no campo adversário. Mas, com o Flu retrancado, principalmente depois do gol, seu laterais e zagueiros interditaram as vias de acesso, dificultando a nossa movimentação.

Eis que no intervalo ressurge o Professor Pardal, com toda sua criatividade. O problema estava no meio campo, mas o técnico mexe na lateral, sacando Ramon, deslocando Castán para a lateral esquerda e colocando Paulo André na zaga esquerda. Como lateral, Castán sempre foi um bom zagueiro e aí o meio campo ficou ainda mais inoperante. Nas outras duas substituições, Tite tira Welder para entrada de Edenilson e Castán para a entrada de Danilo, deslocando Jorge Henrique, atleta emprestado do Corre Corinthians, para a lateral esquerda, que continuou correndo sem objetividade e nada produziu. 
Aí, o jogo ficou do jeito que o diabo gosta. Se fosse música seria "o samba do crioulo doido"; mas, como era jogo, vamos homenagear o Ziraldo e chamá-lo do "time do técnico e dos meninos maluquinhos". O problema não era nas laterais, mas ele tirou os dois laterais, quando as poucas opções de armação, com o meio campo improdutivo, era pelo lados. Welder, Ramon e William eram os que mais procuravam o jogo, enquanto Liedson, quando recebia a bola, ela vinha quadrada. Também não entendo porque, com três atacantes baixinhos, persistem os lançamentos de bolas altas na área, todas interceptadas pelos zagueiros adversários. Chicão é zagueiro e precisa parar de brincar de meia armador.

Tem horas que eu até chego a achar que tem uma panela que manda no time e no Tite, pois tem jogador que por pior que esteja jogando não sai do time de jeito nenhum, é imexível, é intocável. A substituição geralmente sobra para os mesmos, Welder, William, Ramon, como se eles fossem sempre os vilões do time. Tem jogador que pode fazer a maior presepada e se arrastar em campo que só sai por contusão, E, como "panela é frigideira do diabo," tenho a impressão que nosso campeonato está sendo fritado no fogo da incompetência, da omissão e da ação entre amigos. 

Mas, o que esperar quando o presidente atual declara na festa vip comemorativa aos 101 anos que "futebol é um detalhe" e o candidato que ele apoia considera que "futebol é business"? Queria ver eles fazerem essas afirmações nas arquibancadas lotadas do Pacaembu... 

Mas, pra nos irritarem ainda mais, ainda temos que ouvir as pérolas declaradas nas entrevistas. Jogadores e técnico, tentando minimizar as falhas e o nó tático que levaram, vomitam desculpas e subestimam nossa inteligência. Como exemplos e em respeito aos meus leitores, vou citar só algumas.

Para Tite e para Alex, os jogadores estavam cansados e desgastados e a oscilação no campeonato é normal. Até pode ter havido um certo desgaste, mas não o suficiente para justificar a apatia da maioria, as deficiências técnicas e a bagunça generalizada do time em campo.  Como o Corinthians foi o time que menos jogou neste ano e chegou a ter uma folga de 15 dias, porque não aproveitou melhor esse tempo para  conseguir um melhor condicionamento físico, uma vez que já sabiam que  teriam que enfrentar  dois jogos por semana? Mas, descansar, treinar um só período e, brincar de rachão, é muito mais cômodo e divertido. E quem deve oscilar é pêndulo e não um time que diz que quer ser campeão.      

Mas Alex complementa "... não é que estamos preocupados com isso, porque a gente já sabia que ia encontrar essa dificuldade, que todos os times iam se melhorar". Se não estão preocupados, deveriam estar, pois, só irresponsáveis e imprevidentes é que não se preocupam com as dificuldades que vão encontrar. Se já sabiam que os outros times iam melhorar porque não se preparam decentemente para enfrentá-los de igual para igual, ao invés de relaxarem e piorarem tanto.
Para Jorge Henrique o time lutou muito e não conseguiu. "Agora é ter paciência" declarou o atacante/meia/ volante/ lateral/ zagueiro de escanteio. Em parte ele tem razão. Ele precisa de muita paciência para desempenhar suas múltiplas funções de garoto Bombrill e ser o jogador das mil e umas utilidades que só existe na cabeça do técnico. 

Mas a minha paciência com este time e com este técnico, francamente, já esgotou.
Júlio César até que começou bem sua declaração: "Se a gente quiser ser campeão, tem que fazer uma boa sequência de vitórias". Mas depois, já impregnado dos sentimentos TITEnos, estragou tudo ao afirmar que "em cada dois jogos, um dentro e outro fora de casa, temos que somar quatro pontos pelo menos".

O único que até agora mostrou lucidez foi o Liedson. Suas palavras dizem tudo e resumem o que foi o jogo: "Criamos muito pouco, não conseguimos finalizar. Criar e concluir tão pouco é inadmissível". E, embora salientando que o campo em péssimas condições e o cansaço prejudicaram o time reconheceu que "isso não é desculpa para fazermos uma partida tão fria e tão má. Tivemos pouquíssima ou nenhuma oportunidade de gol"

Realmente, o time se superou na incompetência e no desleixo. Apesar da tentativa de alguns, a falta de uma diretriz e de um mínimo de organização redundou numa bagunça que não existe nem na várzea nem na pelada  de chácaras que acontecem após o churrasco de fim de semana, regado de muitas cervejas. 
Zagueiro armando o time e lá vai chuveirinho na área. E tome contra ataque. Centro avante dando carrinho na linha de fundo. Atacante só marcando, defendendo e correndo pra lugar nenhum. Volante de meia armador. Atacante de lateral e zagueiro atacando. É ou não é "o time do técnico e dos meninos maluquinhos"?
Sei que muitos vão me achar exagerada e que vou ser chamada de corneteira. Afinal "somos líderes," "não tem ninguém na minha frente," Siga o líder!" Aliás, pelo twitter, muitos dos que não vivem de ilusões e que viram o jogo sem lentes cor de rosa, já foram duramente criticados. Não vou entrar na polêmica, apesar de não me iludir com esta liderança enganosa, para alguns fruto da sorte de campeão, mas, na realidade fruto da incompetência, também, de nossos concorrentes diretos. 

Nossa superioridade é mentirosa, pois enquanto os adversários que nos ameaçam estão subindo na tabela, nós estamos em queda livre. Vou continuar apontando os erros, pois, assim como a cura de uma doença depende de um bom diagnóstico, curar o Corinthians desse vírus da incompetência que tanto o debilita exige que se reconheça que ele está doente e que se descubra qual é a cepa do vírus que o corrói.

Para concluir, apenas um recadinho para aqueles que perguntaram se depois do fiasco de domingo eu iria continuar escrevendo posts apaixonados para o Corinthians. Vou sim, porque meu amor pelo Corinthians é infinito e incondicional, o que jamais será entendido por quem não tem o privilégio de ser corinthiano(a). Além disso, as críticas que faço não tem como objeto o Corinthians enquanto um time de futebol, enquanto um instituição... Critico aqueles que por ignorância, incompetência, descaso, má fé ou por qualquer outra razão, não estão dando ao Coringão todo o amor, carinho e dedicação que ele merece. Aqueles que, ao invés de trocar as peças  gastas que estão emperrando a engrenagem, não assumem suas responsabilidades e tentam nos enganar com desculpas, justificativas, palavreados ocos ou se omitem, deixando de tomar as providências necessárias. As críticas são às pessoas, aos dirigentes, à comissão técnica, aos jogadores e a quem merecê-las. Jamais ao Sport Club Corinthians Paulistas, ao clube do meu coração, objeto maior da minha paixão. Em mim, ele sempre terá uma torcedora fiel e apaixonada e de meus lábios, de meus dedos digitando e de meu coração ele só receberá palavras de carinho, repletas de amor, pois, em toda e qualquer circunstância eu fui, sou e serei Timão para sempre.

Créditos e fontes de imagens
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