Eliminabilidade: uma tragédia anunciada

Somente o amor ao Corinthians fez a torcida manter a esperança na classificação para a próxima fase da Copa do Brasil, uma esperança que era mais um desejo do que uma confiança. Quem acompanhou o time neste ano pressentia que somente um milagre poderia levar ao sucesso, mas como milagres não existem, seria necessário muita raça e uma postura aguerrida para superar  as dificuldades e conseguir fazer um mísero golzinho para se classificar.
Mas, não foi isso que vimos em campo em Porto Alegre e sim um time medroso, retrancado, sem criatividade, com jogadores perdidos e com um ataque inoperante. Um time mal escalado, mal treinado, mal comandado e acomodado. E mal substituído.
Se a defesa deu conta da tarefa, a criação e o ataque foram um desastre. Ninguém chamou a responsabilidade de colocar o time para a frente e imperou a mesmice de sempre.
Edenílson, com crise de identidade, não sabe se é volante, meia ou lateral. Mas, nós sabemos bem que seu futebol é meia boca. Na tentativa de fazer dele um coringa, Tite conseguiu destruir um volante. Se a criação com Douglas não funcionava, com Danilo ficou pior ainda. Danilo não acertou um passe e nada acrescentou na criação. Saldo do seu desempenho no jogo, dois passes errados e um pênalti perdido. Por que Tite não repetiu a dupla Douglas/Renato Augusto que funcionou no jogo anterior? Ao trocar um volante por um atacante, o jogo começou a mudar de cara, mas o estressadinho, novamente, perdeu a cabeça e foi expulso... A terceira expulsão do Émerson no ano e a 2ª na Copa do Brasil.
Sem conseguir sair do zero a zero, a decisão foi para os pênaltis. E a irracionalidade continuou. Com a substituição de Douglas, bom cobrador e de Guilherme, ex cobrador de pênaltis na Portuguesa e com a expulsão de Émerson, perdemos três bons cobradores.
E o resultado foi desastroso. Danilo, que estava frio, jamais poderia abrir as cobranças com um chute fraquinho. Edenílson, que não acertou nenhum passe, como iria acertar o pênalti? E o Pato, quarenta milhões jogados no lixo, não cobrou o pênalti. Preferiu recuar a bola para o Dida, seu colega dos tempos do Milan. Pato conhece bem o Dida e sua fama de pegador de pênalti, por isso, não poderia ter feito uma cobrança tão displicente, dando uma cavadinha ridícula e eliminando o Corinthians da Copa do Brasil. E livrando a cara do Tite que armou mal o time e substituiu pior ainda, dos jogadores que se acomodaram e não jogaram nada, do piti fora de hora do Émerson, do Danilo e do Edenílson que também perderam pênalti. E da diretoria que vendo o time descendo ladeira a baixo não cobrou com veemência nem enquadrou os responsáveis, que deixou o barco correr e nada fez para resolver a situação catastrófica.
Apesar da raiva que sentimos do Pato naquele momento, ele não é o único nem o principal responsável pelo desastre. A eliminação foi uma tragédia anunciada e somente aqueles que ainda continuavam deslumbrados pelas conquistas da Libertadores e do Mundial e se deixaram levar pelo canto da sereia dos títulos do Paulista e da Recopa, surpreenderam-se com ela. O time de 2013, apesar de manter a base de 2012, perdeu jogadores técnica e taticamente importantes, que jogavam com raça e respeitavam a camisa que vestiam. Mas foram preteridos pelo técnico. Além disso, o esquema tático ultra manjado foi conservado, nada de novo foi acrescentado, suspensões e problemas físicos recorrentes se avolumaram, os mais velhinhos cansaram, o time perdeu a motivação, perdeu a garra e se acomodou. E quase nunca mais um jogo ele ganhou. Encerrou-se um ciclo, a renovação necessária foi tímida e ineficaz, jogadores chegaram com problemas físicos e deficiências técnicas, outros tiveram dificuldades em relação ao esquema tático, o time se desorganizou, o técnico se enrolou e em outubro, já no fim da temporada confessou que o time ainda não tinha encontrado o ponto de equilíbrio.
Após a eliminação, as mesmas desculpas, as mesmas lamentações. Para o técnico os dois jogos foram equilibrados e nenhuma equipe foi superior a outra. Os jogadores lamentaram a eliminação e não souberam explicar o porquê da má performance do time e fizeram um pacto de vencer os 8 jogos que restam no Brasileirão e o presidente Mário Gobbi pediu que o time termine o ano com dignidade.
Espero e desejo que essa eliminação seja a gota d'água que entornou o copo e que sirva para acordar aqueles que estavam dormindo sobre os louros das conquistas do passado. E que sejam tomadas as providências necessárias para se recolocar ordem na casa e retomar o caminho do sucesso. 
Como já afirmei várias vezes, ganhar e perder fazem parte do jogo. Mas, jogar sem garra e sem vontade, atuar com displicência e não tentar nada para melhorar o desempenho revela uma postura acomodada, displicente e até certo ponto mercenária. Mesmo com o elenco mais caro do país, com os salários em dia e com excelentes condições de trabalho, não foram capazes de fazer um mísero golzinho e erramos três pênaltis. Faltou vontade, faltou seriedade, faltou compromisso. Faltou faca nos dentes e sangue nos olhos. Faltou respeito ao clube que paga os salários. Faltou dignidade. Faltou corinthianismo.
Obviamente que estamos tristes, inconformados e, até mesmo revoltados. Mas, não podemos jogar a toalha como fez o técnico no Brasileirão. Temos que cobrar e exigir uma faxina, uma reformulação, pois, diretoria, comissão técnica e jogadores passam, mas o Corinthians fica e sobrevive à incompetência e à displicência da sua diretoria e de seus funcionários. 
Apesar da tristeza pelo que fizeram com o nosso Corinthians, procuro encontrar algo que me faça retomar o equilíbrio e racionalidade. E, neste momento de angústia, vislumbro uma esperança, ao recordar que minha mãe, em sua sabedoria e simplicidade, nos momentos de tristeza, nos ensinava que "há males que vêm para o bem". Tentando achar um bem que poderia vir desse mal, que foi a eliminação do Corinthians pelo Grêmio, nas quartas de final da Copa do Brasil, percebi que essa eliminação deixou claro nossas deficiências, mascaradas sobre a conquista de dois títulos contra times que estavam numa pior e que a mesma, agregada aos maus resultados do Brasileirão, pode provocar uma reação capaz de promover a faxina que estamos necessitando para recuperarmos o Corinthians que estamos perdendo pela incompetência de seus dirigentes, pela mesmice e covardia de sua comissão técnica e pela acomodação e displicência de muitos jogadores. Que ela sirva para separar o joio do trigo e revitalizar o futebol perdido na vaidade de alguns e na incompetência de muitos. Que essa eliminação possa ser a chave capaz de fechar um ciclo já esgotado e o início da reformulação que há muito já deveria ter acontecido.

Comentários

  1. Este texto traduz com fidelidade o momento em que estamos passando. Parabéns, concordo 100%.

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  2. Falou tudo que todos nós coeinrhianos pensamos...

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  3. boa M.A. tbm concordo que Pato errou, no entanto se ele fizesse.... mas enfim errou, não éno entanto o grande culpado, só adiantou nossa eliminação, visto que esse grupo nao tem a minima condição de ganhar esse torneio, em grande causa por causa do Adenor

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