Descascamos o abacaxi e vencemos a peleia


Como havíamos previsto, nossa visita chegou animada. Os cavaleiros, devidamente pilchados e segurando suas bombas de chimarrão, traziam as tralhas para montarem acampamento. 
Com a maior cara de pau, pensavam que seria fácil assar nossas carnes e que conseguiriam, em cima do laço, transformar nosso gramado numa churrascaria fogo de chão. Chegaram dissimulados, distribuindo sorrisos e abraços, como se viessem para uma visita de cortesia. O Patrão deles, todo sorridente, abraçou nosso comandante e a peãozada só faltou distribuir mimos para nossos camaradas. Mas, o Tite que não é nenhum bagual e conhece de perto as milongas dos gaudérios, já estava de orelha em pé, E, esperto que nem gringo de venda, esperou, calmamente pelo início da peleia.
Mal o jogo se iniciou já deu para perceber que ia ser grande o entrevero. Eles ficavam na frente do gol deles, mais amontoados que uva em cacho e cada vez que um dos nossos se aproximava, era repelido por um trompaço, mostrando claramente a intenção de chutar o balde. Mas, caíram de costas com a nossa resistência e com a nossa impetuosidade.
Não conseguindo armar suas barracas e nem matear como esperavam, foram logo percebendo que iriam dar com os burros n’água, pois o jogo estava mais difícil que dormir de espora sem rasgar o lençol. Então, começaram a chorar pitangas e o Patrão deles, que mais parecia uma locomotiva no cio, soltou os cachorros em cima do árbitro que, alheio à pancadaria, lavava as mãos e se mostrava incompetente para acabar com a violência. E, a cada minuto que passava, maior era o barraco que eles armavam.
Nossos guerreiros corriam, cercavam, marcavam e atacavam com muita raça, não medindo esforços para impedir que o Paca virasse uma churrascaria. Entortavam seus espetos, apagavam o braseiro e jogavam areia no chimarrão. Mas tudo continuava muito parelho e se eles não conseguiam matear, também o cafezinho nós não conseguíamos saborear.
Veio a trégua costumeira e cada time foi pro seu canto para um descanso maneiro. Aí, falou firme nosso comandante: Vamos arregaçar as mangas e acabar logo com esse barraco. Alex, peleia pelos lados que o meio campo está muito embolado. Não deem espaço pra peãozada. Quero todos marcando, apoiando e todos os espaços fechados. Defendam nosso rancho, protejam nossa cidadela. Achem logo um tiro certeiro pra acabar com esse entrevero.
Ordem dada, ordem cumprida. Mas, a tropa deles também não parava, muito se movimentava e nos nossos continuavam batendo. Bateram tanto que tiraram o Liedson do campo, que foi direto pro gelo. Apesar de educado, Tite é um Gaúcho arretado e tomou outras providências. Sacou o Sheik do banco e pediu. Use toda a sua experiência e mostre pra esses gaudérios, que você já liquidou salteadores do deserto. Use sua inteligência, faça valer sua experiência, mande essa tropa de volta para a invernada que não temos mais tempo para perder. Se precisar use o laço, a espora, o rebenque, a guasca e o facão... Aqui em nosso rancho, eles jamais nos vencerão.
Assim, descansado e com todo o gás, o Sheik entra na luta. De corpo e alma ele labuta, corre, marca, apoia e chuta. E, com muita malícia, com um simples corta luz, provoca um apagão na defesa adversária, deixando a bola pro Paulinho que passa logo ela pra frente. William, muito esperto, com a maior habilidade dispara um tiro certo e, inaugurando o placar, coloca o Corinthians na frente. E assim, com uma bomba indefensável, uma bomba de chocolate produzida no Gramado do querido Pacaembu, deixou os gaudérios mais assustados que veia em canoa, mais perdidos que cegos em tiroteio e mais loucos que galinha agarrada pelo rabo. 
Desesperados, até pareciam estar com o diabo no corpo e vieram pra cima, com suas facas e esporas, obrigando o comandante reforçar nossas defesas. De tão bravos que estavam enfiaram o pé na jaca e não paravam de reclamar, abandonando nosso rancho chutando o pau da barraca depois do árbitro apitar.
Mas, continuaram reclamando, choramingando e ameaçando com mais um DVD. Desocuparam o rancho muito abichornados, com o coração de luto e mais esfarrapados que poncho de gaudério. O que é compreensível, pois, para eles, o jogo não passou de uma tosa de porco, com muito grito e pouca lã.
Do nosso lado, a festa estava mais bonita que laranja à mostra e tão buena como uma chuva na roça. E, no final da peleia, para comemorar a vitória, brindamos com um bom vinho. Da Serra Gaúcha... É claro.

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