Sou Corinthiana mas não gosto de brincar de Polyanna

Ficha técnica - Santos 1 X 0 Corinthians

Local: Estádio Vila Belmiro, em Santos (SP)

Data: 4 de março de 2012, domingo

Horário: 16 horas (horário de Brasília)

Árbitro: Wilson Luiz Seneme (SP)

Assistentes: Hérman Brumel Vani e Danilo Ricardo Simon Manis (ambos de SP)

Assistentes adicionais: Marcelo Rogério e Leandro Bizzio Marinho (ambos de SP)

Público total: 12.818 torcedores

Renda: R$ 284.240,00

Cartões amarelos: Henrique e Fucile (Santos); Marquinhos e Elton (Corinthians)

Gol: Santos: Ibson, aos 12 minutos do segundo tempo

Santos: Rafael; Fucile, Edu Dracena, Durval e Juan; Henrique, Arouca (Felipe Anderson), Ibson (Elano) e Paulo Henrique Ganso; Neymar e Borges (Alan Kardec). Técnico: Muricy Ramalho.

Corinthians: Júlio César; Welder (Paulinho), Marquinhos, Wallace e Fábio Santos; Ralf, Edenílson e Alex; Willian (Cachito Ramírez), Adriano (Elton) e Jorge Henrique. Técnico: Tite.

Eu sei que não é o fim do mundo, que continuamos líder e que a classificação para a próxima fase está praticamente garantida. Sei também que jogamos com um time misto e fora de casa, pensando mais no jogo da Libertadores que no jogo de hoje. Mas, como me recuso a brincar de Polyanna e a fazer o jogo do contente, como não abdiquei da capacidade de observar, de pensar e de raciocinar, quero entender o que levou o técnico do Corinthians a entregar um jogo fácil para o adversário.

Sim, um jogo que poderia, facilmente, ter resultado, pelo menos, num empate, não fossem alguns equívocos na escalação e substituições. Embora alguns jogadores tenham tido um péssimo desempenho, não vou culpá-los, pois a responsabilidade é de quem os colocou e de quem os deixou em campo, mesmo tendo no elenco e no banco, jogadores melhor qualificados.

Nossa lateral direita é tão deficitária, mesmo quando joga o titular, que o atacante aberto para esse lado sempre tem que voltar pra ajudar a marcar e buscar a bola. Geralmente sobra pro William, que acaba virando muleta do lateral.  Hoje, como sempre, não foi diferente, o trânsito continuou livre na Avenida Direita e o William pouco rendeu.

Mas o nosso maior problema foi na criação e armação das jogadas, o que deixou Adriano isolado na área. Mesmo tendo Douglas disponível, Tite optou em escalar Alex, que com exceção de algumas ajudas pontuais, ainda não justificou o enorme gasto do clube com a sua contratação. Foi muito mal no jogo anterior e contra o Santos continuou com o mesmo script, não acertou os cruzamentos, chutou pouco, errou passes, marcou mal e foi desarmado com facilidade. Não deveria nem ter sido escalado, mas o técnico resolveu lhe dar moral, deixando no banco o verdadeiro Maestro e dando um descanso pro Danilo. Além de estar mal, Alex não é um meia armador e rende mais, (quando rende), jogando pelas pontas. Resultado, criação 0 = 0 gols. Isso agravado pelo Edenilson não ter a mesma habilidade do Paulinho como homem surpresa.

O Corinthians começou o segundo tempo com uma postura tática mais defensiva, facilitando a velocidade e a criação de jogadas do adversário. Assim, aos 12 minutos, Ganso, deu um ótimo passe para Ibson, que invadindo a pequena área, tocou rasteiro na saída de Júlio César para fazer o primeiro gol. Gol que começou com um lance perdido pelo Alex.

Como Adriano não produzia, o técnico, incapaz de fazer a leitura correta do jogo, não percebeu que o problema era de criação do meio campo e o trocou pelo Élton, ou seja, trocou 6 por meia dúzia. Acho que até piorou, pois, pelo menos o Adriano segurava os zagueiros.

O meio campo nada criava, a bola continuava não chegando, o Alex mais perdido do que cachorro que caiu do caminhão de mudança e o Douglas no banco. Com o placar adverso, Tite ainda trocou William por Ramires e no final, Welder por Paulinho. E Douglas não saiu do banco. 

Precisando de gols, nosso Gênio, como de outras vezes, colocou mais um volante. Poderia ter, já na volta do 2º tempo, tirado Welder, deslocado Edenilson ou Jorge Henrique pra lateral, trocado Alex pelo Douglas para melhorar a criação, mas não. Insistiu com o Alex até o fim e morreram abraçados. Já que estávamos a beira mar, assistimos o verdadeiro abraço dos afogados. Além de ficarmos a ver navios.

Tite, que tanto fala em coerência e declara aos quatro ventos que vai pro jogo quem está melhor, nem sempre dá testemunho dessa coerência. Douglas já está em forma e no último jogo já provou que está muito melhor que o Alex. Mas, mesmo assim, Tite, depois da péssima atuação de Alex contra o Catanduvense, pediu paciência pra torcida, elogiou o meia e resolveu premiá-lo com a titularidade e, apesar do seu mal desempenho, deixou-o no campo durante todo o jogo. Porque o técnico não tem com ele a mesma coragem que teve quando afastou o Chicão? Depois de ter se empenhado na sua contratação milionária, insiste em escalá-lo e não o substitui mesmo com uma atuação medíocre. Parece que está colocando a recuperação do Alex acima do Corinthians, quando nenhum jogador é maior que o Clube. Tite parece querer justificar porque pediu sua contratação e insiste em deixá-lo no time. Se esquece que o Corinthians está acima de tudo e que técnico e jogadores, mesmo custando milhões, jamais estarão acima do Timão. 

Não é só porque o Alex custou uma grana alta que deve ser escalado sem condições. Numa política de redução de danos, já que o dinheiro já foi gasto, deveria ficar fora para recuperar sua forma física e técnica e só retornar ao time quando, e se, estivesse bem. Nada pessoal contra ele, tudo a favor do Corinthians.

De bom no jogo, a atuação do Ralf e do Jorge Henrique, bem como da zaga reserva, que nada ficou devendo aos titulares. Wallace raçudo, mesmo contundido e mancando voltou ao campo. 

Marquinhos, muito técnico, seguro, preciso e objetivo parecia estar atuando na Copinha e não num clássico. Surpresa? Só para quem não acompanhou sua trajetória no sub 17 do Timão e da Seleção. Se tiver oportunidade, logo será titular. 

Fábio Santos contundiu-se num choque com Borges, levou 4 pontos na cabeça e, mesmo assim, permaneceu no jogo até o final. Fábio Santos e Wallace, exemplos de raça e corinthianismo, os anti chinelinhos. Fizeram-me lembrar do Zé Maria e do Vladimir.

O jogo de hoje foi decidido no banco. Quem se arrojou e teve a coragem de entrar com o que tem de melhor, valorizando o jogo e o campeonato se saiu bem. Quem teve medo, se preocupou mais com o próximo jogo e com o outro campeonato, poupou jogadores e não soube sequer aproveitar o que tinha de melhor no banco, saiu derrotado. A paranoia da neurose, vulgo Libertadores, decretou a nossa derrota. Poderíamos ter entrado de cara com o Paulinho, termos substituído o Alex pelo Douglas para melhorar a criação, garantir o resultado e depois dar o descanso para quem necessitasse. Mas, a opção do técnico foi outra e deu no que deu. 

O medo e o zelo foi tão excessivo que até parece que o próximo adversário será o Barcelona ou o Real Madri e que o jogo será em outro país.

Este jogo confirmou uma situação preocupante. Temos um bom elenco, excelentes profissionais na área médica e física, estrutura de 1º mundo, um motivador e psicólogo cover que tem o grupo na mão. Só falta um técnico.

Respeito quem discorda e não tenho a pretensão de ser unanimidade. Apenas peço que também respeitem a minha posição e que reflitam sobre o que escrevi. Não estou cornetando o Corinthians, mas sim analisando a postura de seus profissionais. 

E reafirmo: O Corinthians está acima de todos e é muito maior que seus profissionais, inclusive de jogadores que custaram muitos milhões de euros, e, jamais poderá ser sacrificado em benefício de ninguém. E pela sua real grandeza merece ter profissionais competentes.








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