"Time do povo" não pode ser só um slogan

O povo está no DNA do Corinthians. Nada mais democrático que a origem do nosso Time que nasceu "do povo, pelo povo e para o povo." E já nasceu enfrentando as elites esportivas da época, ocupando seu espaço no "Velódromo" e, sem pedir licença aos poderosos, impondo-se pela força do povo, dentro e fora do campo.  Essa força é tão grande que é impossível imaginar o Corinthians sem a sua torcida, essa torcida que os rivais, as elites de todos os tempos, a mídia anticorinthiana e os anti povo, tudo fazem para a  destruir. 
Essa mesma torcida que encanta jogadores quando aqui chegam para jogar, que apavora os adversários e encanta a mídia estrangeira com o espetáculo dos seus cantos, gritos de guerra e coreografias... Que apoia do começo ao fim, que empurra, que joga com o time, que chega junto, que vira o jogo, que vence partidas e campeonatos... E que nas grandes lutas do país jamais se omitiu.
Essa torcida que hoje está sendo empurrada pra fora dos estádios pelos preços abusivos dos ingressos, principalmente nos jogos da Copa Libertadores. Mas, não só nesse campeonato, pois mesmo no Paulista, nem sempre conseguimos lotar o Pacaembu. No último jogo tivemos um público de apenas  6.960 pagantes e 7.531 no total.
Diante dos rumores, noticiados pela imprensa, de que para a próxima fase da Copa Libertadores, os ingressos serão ainda mais caros, um grupo de torcedores, participantes da "Brigada Miguel Batáglia" está se mobilizando com panfletagens em jogos e através das mídias sociais, para garantir que o aumento não ocorra. Com argumentos sólidos, o grupo vem lutando bravamente para que "Corinthians, time do povo" possa ser uma realidade e não apenas um slogan escrito numa faixa e exibido no tobogã durante os jogos no Pacaembu.
Aos argumentos irrefutáveis da "Brigada Miguel Batáglia", lembramos que em nome do mercado, não podemos abrir mão de um dos nossos maiores patrimônios que é a torcida do Corinthians. Sabemos que o Corinthians tem torcedores em todas as classes sociais, não discriminamos nenhum seguimento, mas sabemos também, que quem sua a camisa, quem não arreda pé, com o time ganhando ou perdendo, que fica até o final, apoiando sempre, sob um sol escaldante ou sob uma chuva torrencial ou um vento gelado é o bravo torcedor da arquibancada e do tobogã. Se o Fiel Torcedor já lhe trouxe algumas facilidades na aquisição e no preço do ingresso, isso ainda é pouco pelo que representam para a Nação Corinthiana.  
Em nome do aumento da receita e de uns trocados a mais nos cofres do Corinthians, não podemos abrir mão de nosso maior patrimônio que é a presença do povo na nossa torcida. Se o povo é a maioria, não só na torcida corinthiana, mas na população do país, nos estádios em que jogamos, principalmente quando o mando é nosso, ele tem que estar representado na sua exata dimensão e importância. 
Não serão uns trocados a mais, resultante do aumento dos ingressos, que irão interferir no funcionamento do clube, até porquê, hoje, o grosso da receita não vem da venda de ingressos e sim dos patrocínios e das cotas de TV.
Rosemberg como economista monetarista pauta suas ações pelo mercado. E usa o mesmo raciocínio para as ações do Corinthians, com o total apoio do Mário Gobbi. Não tendo a mesma ideologia de Miguel Batáglia e dos operários que fundaram nosso Timão, vê o Corinthians apenas como um business qualquer e não como um clube que nasceu para viabilizar a participação popular na elite esportiva da época, com ideais democráticos e libertários. Seus argumentos, pautado pelas leis do mercado, não reconhece nem leva em consideração a força do povo como mola propulsora da Nação Corinthiana e como alavanca do time nos estádios. Trata o torcedor apenas como um consumidor e, com o aumento do preço dos ingressos, tem por objetivo aumentar o valor da "carteira de clientes" e o lucro, substituindo o povão por clientes de maior poder aquisitivo de quem possam cobrar ingressos mais caros. Assim, por contas de uns trocadinhos a mais, irão também "clareando," "higienizando" e elitizando a torcida, através de um processo de seleção econômica e social.
Sei que o futebol de hoje é diferente do passado e não ignoro que vivemos num sistema capitalista. Não tenho a ilusão de voltar ao tempo em que o boleiro fazia parte da diretoria, com nos primórdios da Nação Corinthiana. Mas, nós, que nos identificamos com os ideais libertários que estão no DNA corinthiano, precisamos estar atentos para que não nos transformem em mais um time elitista e  que em nome das regras do capitalismo, o Corinthians não venha a perder o seu maior patrimônio que é sua torcida vibrante e atuante. Aquele segmento da torcida que não tem medo de chuva, de sol escaldante e de vento gelado, que enfrenta mais de 10 horas de estrada, apertados num ônibus só pra torcer e apoiar o Timão. Lutar contra o aumento e pelo barateamento dos ingressos, é lutar para que as classes populares não sejam expulsas dos estádios, enfraquecendo a nossa torcida, é lutar para que possamos continuar sendo corinthianos e maloqueiros graças a Deus. É lutar para que as elites, inclusive as elites que pretendem dominar o Corinthians, não extingam o último reduto popular do futebol brasileiro, que é a torcida corinthiana, miscigenada, diversificada e diferenciada.


Créditos e fontes de imagens
aguiadatorre.com.br
eocoringao.blogspot.com
Brigada Miguel Batáglia
dicorpo.wordpress.com
fotolog.com
fotolog.com

Comentários

  1. O povo unido jamais será vencido! Para o Corinthians,pelo Corinthians até o fim!

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  2. Não nascemos num escritório de advocacia na quatrocentona Avenida Paulista

    Nascemos de operários, à luz de um lampião

    O Corinthians é do rico, do pobre, do preto, do branco, do paraiba, da puta e do preso.

    Isso se chama mistura e na mistura, o equilíbrio.

    E em se tratando de equilíbrio, a coisa não pode pender só para um lado.

    Tem que atender a todos os lados, de forma justa a cada um

    Estão tentando refundar o Corinthians

    Nao deixaremos!

    Mais um belo texto da minha Mestra, parabéns

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    Respostas
    1. Não podemos nem devemos perder nossas raízes. Nascemos do povo trabalhador e sofrido, cheio de garra e de altivez. Por isso somos grande, somos forte, somos vencedores, somos Corinthians. Sempre.

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